segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Por que escrever um blog.

Ítalo Calvino, um dos meus escritores favoritos, escreveu um livro intitulado Por que ler os clássicos. Nele, o autor tenta definir o que é um clássico literário e enumera alguns motivos para ainda lermos os chamados "clássicos da literatura mundial",mesmo com tantas novidades na literárias lançadas à exaustão. Para tal, Calvino escolheu algumas obras que se enquadram nessa classificação e escreveu sobre elas. Minha pretensão não é fazer exatamente a mesma coisa, embora a justificativa de Calvino foi inspiração para a postagem de hoje. Então, apresentarei aqui as razões pelas quais eu ainda tenho um blog.

A primeira delas: é uma maneira de exercitar minha escrita. Ou, mais especificamente, um incentivo para que eu escreva. Academicamente, inclusive. Claro que os temas abordados aqui são um pouco menos densos do que costumo trabalhar; mesmo assim, ainda vejo como um incentivo. Explico: percebi que tenho um certo receio em passar minhas idéias para o papel; dentro da minha profissão, isso é ruim. Minha atividade - e a Capes também - me obriga a escrever. Óbvio que a atividade me apraz, mas me é necessária; no futuro, ajudará a pagar minhas contas! Ora, por que não exercitar tal atividade num blog? Mas é necessário um blog? Isto leva a segunda razão.

Se gente como Luis Felipe Pondé, Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo, Ali Kamel e Olavo de Carvalho soltam suas idéias por aí em jornais, revistas e sites, por que cargas d'água eu também não posso manifestar o que penso? Se há tanta gente por aí soltando o verbo, por que não posso dar os meus dois centavos de contribuição ao pensamento da humanidade? Se até eles escrevem, por que me julgaria incapaz de elaborar um texto? Se os senhores citados podem, eu também posso, oras! Atenção aqui: eu discordo totalmente da forma de pensar das criaturas anteriormente citadas. Assim, comento sobre a terceira razão.

Não lembro onde e quando li; citarei do mesmo jeito. O historiador Fernand Braudel disse: "Desconfie do historiador que nunca foi preso.". Não significa que só são confiáveis historiadores ex-presidiários; Braudel diz, nas entrelinhas, que não devemos deixar de discutir e pensar o que acontece a nossa volta, apesar de trabalharmos com o passado. Ou seja, o historiador não deve eximir-se das questões de seu tempo. Escrever aqui é o jeito que encontro para comentar o que acontece a minha volta. Não quero fazer parte dos historiadores alheios e acríticos do tempo no qual vivem. Escrever aqui é a maneira que encontro para mostrar que outro mundo é possível. A realidade a nossa volta não é algo dado e imóvel; escrever é a minha maneira de ser contra-hegemônica. Mesmo que ninguém leia. Escrevo porque gosto, escrevo porque preciso e porque me faz pensar.

Para quem se interessou pelo livro do Ítalo Calvino, aqui vai uma palhinha.

Informação irrelevante ou não: o Cidades Invisíveis, livro apaixonante do autor citado acima foi traduzido pelo...Diogo Mainardi! Oh, mundo cruel!

sábado, 13 de outubro de 2012

Moça, não cuspa para cima...

Mente fervilhando de idéias nas últimas semanas e nada de colocá-las no papel. Aí, a pessoa aqui lembra que ainda tem um blog... Por outro lado, é preguiçosa para escrever. E não devia, não devia, não devia! Porém, digo que é mais medo do que preguiça. Ultimamente, leio textos muito bons na internet, o que influencia na hora que começo a escrever. É um dos meus grandes defeitos: tenho receio em mostrar o que escrevo, pois nunca acho bom o suficiente, acho que é medíocre e que nunca escreverei tão bem quanto os outros. Quando digo escrever bem, refiro-me a textos com o mínimo de coerência, com estilo próprio e bem argumentados; tenho verdadeira e estimada admiração por quem domina a arte de escrita. Talvez seja uma "opressão da intelectualidade alheia"; ou seja, me sinto "oprimida" por quem sabe exprimir com clareza, estilo e boa argumentação o que pensa. Contudo, este não é o assunto de hoje aqui.

Pergunta: o que medievalidade portuguesa, biscoito de banana com canela e o Twitter têm em comum?

A princípio, nada! Só quem me conhece um pouquinho melhor sabe que existe uma relação entre as três coisas citadas. E não é um tweet sobre medievalidade portuguesa, postado enquanto eu comia biscoitos de banana com canela.

Explicando a relação: todas as três coisas tem a ver com uma mudança de ideia ou atitude. Também significam que ninguém é estático e que é difícil de acreditar quando alguém fala "sou a mesma pessoa de cinco anos atrás". Minha pergunta: tem certeza? Você jura que não é afetada ou afetado pelo o que ocorre em volta? Nunca passou por situações que colocaram seus pensamentos a prova? Eu duvido!

É como o método científico: só descobrimos quando pomos à prova nossas teses. A tese nº 1: eu dizia que jamais estudaria medievalidade portuguesa. Eis que, alguns anos depois, as circunstâncias acadêmicas me levaram a começar estudos sobre o assunto. Culpa da dificuldade em encontrar bibliografia no Brasil para determinadas regiões do ocidente europeu. Perdi o preconceito com o tema, basta fazer uma nova abordagem. A propósito, o tema do meu projeto de mestrado é estabelecer uma comparação entre Inglaterra e Portugal no momento que ambas monarquias feudais outorgam leis que regulam a força de trabalho.

Tese nº 2: eu não gosto de comidas feitas com banana. Sempre acho que há o risco dela ficar doce demais e, consequentemente, enjoativo. Só que provei, dias atrás, um biscoito de banana com canela. Achei o biscoito gostoso e quase acabei com o pacote inteiro. Detalhe: como era um daqueles pacotes oriundos daquelas com três pacotes, provei sem saber qual era o sabor do biscoito. Só descobri quando minha mãe disse "você comendo biscoito de banana?!?!". Fato que fiz uma cara de envergonhada na hora! E quem disse que não podemos mudar de ideia quanto à comidas?

Tese nº 3: isso aqui já explica muita coisa. Eu era uma grande crítica do twitter...até o ano passado, quando fiz a minha conta. Não sou uma twiteira frenética, mas aprendi que dá para escrever coisas relevantes em 140 caracteres e que dá para repassar muita informação interessante. E dá para seguir muita gente interessante!

Mas eu continuo gostando dos Beatles, dos Stones e achando indie rock muito chato! Opa! Eu baixei, gravei e emprestei o primeiro disco do Artic Monkeys...